Saturday, February 27, 2016

Dia de chuva é dia de...

Quando chove muito e tudo fica cinza, a imaginação tem uma tela quase em branco de possibilidades de criar... olha-se para a janela respingada de pequenas gotículas e começa-se a viajar... passado, presente,  sonho, realidade, trabalho, frustração, o que fazer, o que NÃO fazer, o que se poderia fazer... urgh! Pausa pra apertar os olhos porque um grande relâmpago cortou o céu. Um cachorro late reclamando de estar molhado... o trovão responde... ou o latido é por causa do trovão?
O trovão que se mistura com o ruído seco da dor que teima em não ir embora... as gotas grandes batendo nas paredes e no chão lembrando os ecos de uma situação que roda, roda, parece que vai cair mas volta para sua cabeça, causando uma leve comoção... ou seria sinusite querendo chegar?
Não sei... lágrima que molha o pescoço... aquelas longas, um pouco solitárias e silenciosas que nem chegam a travar em soluço...
Um pouco mais....
Molhado....
Seco...
E o eco da chuva que embala.
Viajemos.
Pois.
Tarde que escurece em noite, lágrima que seca em resolução.
Mudemos. 

Saturday, February 20, 2016

A culpa é do mosquito????

     Minha visão está meio turva, esse ambiente úmido... quentinho... hummm... Confortável. Sou capaz de ficar ali muito tempo, meses. 
     Um tempo menor se passa, e prefiro sair dali para continuar meu caminho. Acho que sou hiperativa, deve ser isso. Paro aqui, paro ali, e continuo. Minha visão melhora e vejo tudo com detalhes. Curiosidade me move ainda. 
     Uns dois ou três dias se passam nesse mover-parar constante até que eu o encontro. O encontro. O olhar para nele. Rapidamente nos entrosamos. O encontro. Rápido e intenso. O necessário para o que eu precisava.
     Sigo. Procuro. Encontro. Outro lugar como aquele em que estava antes. Quente, acolhedor. É fim de tarde. Hora de me alimentar. Minha dieta nesse momento muda. Não mais coisas doces, preciso do travo mais amargo. Procuro. Acho. Procuro mais um pouco e acho outro lugar tão bom quanto. 
     Volto para o quentinho. Preciso descansar. O tempo passa. Vejo minha prole começar a se desenvolver... e morro.

     Não fico sabendo quantas pessoas ficaram doentes ou morreram por minha causa. 

Ass: Aedes aegypti



P.S.: Em Juiz de Fora já são seis vítimas...E a ignorância e falta de cuidado é que matam... A proliferação do mosquito e da dengue, da febre Chikungunya e do vírus Zika é nossa responsabilidade...  



Wednesday, February 17, 2016

Crônica de uma realidade

    
 Hoje a realidade me doeu de um jeito.... estava esperando um ônibus, tinha acabado de comprar uma garrafinha de água e uma menina de uns 2 anos acompanhada de uma mulher começou a pedir água pra mim, chorando....e pseudo-mãe ao ver o choro da criança gritou: que saco garota, não me irrita! E a criança chorando. A menininha estava imunda, usava um vestidinho branco cheio de manchas, nariz escorrendo e ainda cheirava mal...  

     A criatura que colocou a criança no mundo então avistou um conhecido, longe, deixou a criança chorando do meu lado e foi andando... eu dei a água pra criança, que se molhou toda tomando... tomou quase a metade da garrafinha... Aí um moço vendendo picolé se condoeu e deu um pra criança... sabe o que ela fez? Saiu atrás dele e a mulher-que-pariu começou a gritar: ***, venha já aqui! Estou mandando! ***, eu já disse! 

     
     A pequena garotinha continuou seguindo o moço do picolé... e a pseudo-mulher permaneceu sentada...

Tuesday, February 16, 2016

Era uma vez...

     Toda história que se preze começa com um início calmo, há então um fato que complica tudo até um ponto em que não se sabe mais o que pode acontecer.... e... aí.... tudo se resolve e a normalidade volta a reinar!

       Helena é uma menina-mulher-menina que gosta muito de ler e gosta mais ainda de inventar histórias. Tudo o que ela lê é material para a inventação diária da sua vida. Quando ela começou a aprender a ler, um mundo de possibilidades abriu-se e seus olhos rápidos e curiosos arregalaram-se, não querendo perder nenhum detalhe. 

     Não que a imaginação dela não estivesse a todo vapor antes disso, imagine! Só de ler aquelas imagens coloridas e lindas dos livros e revistinhas mil histórias ela criava. Mas depois de conhecer aquelas letrinhas, aquelas combinações inúmeras de palavras e textos... Tudo mudou. Pra melhor.

     Isso porque ela resolveu começar a escrever também. Colocar no papel ideias, suspiros, lágrimas, risadas, olhares e vertigens de sonhos! 

     E então.... e então... ela descobriu que escrever é fácil-difícil, complicado-simples, e, ainda, prazeroso-doloroso! Escrever é um empreendimento de vida, uma meríade de sensações compartilhadas e um contrato eterno do fugaz da existência humana...

     E ela se embrenhou nesse reino desconhecido das palavras... e se propôs a buscar a tal chave das deduções, a chave das elocubrações, a chave do desafio!